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Respirar ar de São Paulo por 2 horas no trânsito é igual a fumar um cigarro

13/12/2017

Respirar o ar de São Paulo por duas horas no trânsito é o mesmo que fumar um cigarro. Ao longo de 30 anos na capital, o pulmão de uma pessoa pode ficar igual ao de um fumante leve (que consome menos de dez cigarros por dia). É o que revelam dados preliminares de uma pesquisa que busca comparar a exposição do paulistano durante sua vida à poluição do ar com os impactos do cigarro. O trabalho, liderado pelo médico patologista Paulo Sadiva, analisa corpos que foram levados ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) e mede a quantidade de carbono no pulmão, ao mesmo tempo em que investiga a vida do paciente.

“Antigamente, quando em uma necropsia a gente via um pulmão cheio de carbono, preto, o mais provável é que se trataria de um fumante. Hoje não dá para dizer isso. E o que esse estudo está mostrando é o quanto respirar o ar de São Paulo é equivalente a fumar e tem impacto cumulativo”, explica a bióloga Mariana Veras, do Laboratório de Poluição do Ar da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Entrevistas feitas com parentes estão ajudando a compor o quadro de como se dá a exposição dos paulistanos. São questão como: onde vivia, onde passou a maior parte da vida, qual a atividade profissional, quanto tempo levava em deslocamentos no trânsito, se fumava, se era fumante passivo. “Um motorista de caminhão ou guarda de trânsito vai ter um quadro diferente de quem só se expõe de casa ao trabalho e passa o dia inteiro no ar condicionado com janela fechada. Estamos buscando a correlação entre a quantidade de preto no pulmão, o padrão de vida e o tempo em transporte”, esclarece Mariana.