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Proteína de planta brasileira é esperança no tratamento do câncer de mama triplo-negativo

18/10/2018

Tipo mais agressivo da doença pode ter migração e metástase inibidas pelo composto

Uma proteína extraída de sementes de árvores da espécie Enterolobium contortisiliquum, conhecida popularmente como tamboril ou orelha-de-macaco, pode ser a esperança para o tratamento, no futuro, do câncer de mama triplo-negativo. Considerado um dos tumores mais agressivos e para o qual houve menos avanços no desenvolvimento de terapias nos últimos anos, a doença ainda não conta com tratamento específico nem agente para combatê-lo.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) constataram durante um estudo que a proteína do tamboril é capaz de inibir a migração e a metástase de câncer de mama triplo-negativo e de outros tipos de tumor, como o gástrico e o de pele (melanoma).

Desde a década de 1980, a pesquisadora Maria Luiza Vilela Oliva trabalha para isolar sementes de leguminosas da flora brasileira em outras moléculas inibidoras de proteases, enzimas capazes de quebrar as ligações peptídicas de outras proteínas. As análises dessas moléculas em diferentes modelos fisiopatológicos, como de inflamação, trombose e tumor, tanto in vivo como in vitro, indicaram que, além de antitumoral, elas apresentam propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e antitrombóticas.

“O tumor, a inflamação e a trombose são patologias que estão de certa forma interligadas, porque às vezes o paciente com câncer pode morrer não por causa da doença, em si, mas em decorrência de um quimioterápico que pode levar ao desenvolvimento de uma trombose”, explica a pesquisadora.