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Pesquisa da Unicamp aponta associação entre desnutrição e desordens psiquiátricas

09/08/2017

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que 868 milhões de pessoas apresentam subnutrição calórica, 26% das crianças no mundo apresentam raquitismo, 2 bilhões de pessoas sofrem deficiência de um ou mais micronutrientes e 1,4 bilhão de pessoas apresentam excesso de peso, das quais 500 milhões são obesas.

No caso das gestantes, a desnutrição afeta o desenvolvimento embrionário e fetal, o que determina a suscetibilidade de doenças na idade adulta. Esse fenômeno, denominado programação fetal, é o processo pelo qual modificações ambientais intrauterinas ou durante a infância moldam, em longo prazo, a fisiologia de órgãos e tecidos, assim como a homeostase corporal.

Em pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), por Gabriel Boer Grigoletti Lima, as dimensões e implicações do estresse gestacional e desnutrição no desenvolvimento de desordens psiquiátricas futuras foram estudadas.

Segundo Gabriel, a desnutrição proteica no início da vida acarreta mudanças duradouras na estrutura e na neuroquímica no sistema nervoso central (SNC), assim como anomalias comportamentais. O cérebro é muito sensível à programação pré-natal e diversos agentes como fatores de crescimento, de transcrição e nutrientes podem afetar permanentemente o desenvolvimento neural.

“Busquei avaliar os efeitos da restrição proteica durante a gestação e amamentação sobre a estrutura do hipocampo na prole de ratos machos e o comportamento relacionado à memória e emoções, principalmente a ansiedade e o medo”, explica Gabriel.