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A bióloga Elisa Brasili, ligada ao Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), sediado na USP, foi responsável pelo primeiro estudo mundial sobre os efeitos do suco de laranja das variedades baía e cara-cara no intestino humano. O objetivo da pesquisa foi entender como uma intervenção dietética incluindo o alimento altera a microbiota intestinal. Os resultados são positivos e indicam que a ingestão desses sucos promove mudanças benéficas na composição da microbiota.

De acordo com a pesquisadora, após a ingestão do suco de laranja-baía foi observado um aumento das famílias de bactérias Veillonellaceae e Ruminococcaceae, que possuem várias funções benéficas ao organismo humano, incluindo a redução das patologias inflamatórias intestinais. “O que posso afirmar é que o aumento destas famílias de bactérias, que pertencem à classe Clostridiaé um bom resultado”, destaca Elisa.

Já no caso do suco de laranja cara-cara, foi observado, após a ingestão, um aumento expressivo nas famílias das bactérias Mogibacteriaceae e Tissierellaceae, cuja abundância relativa se encontra alterada em várias doenças, como a doença de Parkinson.

Para chegar a tais resultados, Elisa contou com a participação de 21 voluntários saudáveis, entre 20 e 43 anos. Primeiramente, a pesquisadora caracterizou a microbiota intestinal de cada um e, logo após, ministrou os sucos em diferentes períodos, de forma randomizada, analisando a microbiota depois de uma semana de ingestão das bebidas.

Elisa decidiu analisar a microbiota intestinal porque é onde os compostos bioativos são metabolizados. Ela destaca, porém, que a mudança operada na microbiota com a ingestão dos sucos é transitória, pois quando o indivíduo muda seu padrão de dieta, a microbiota se altera novamente.