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Poluente emitido pela queima de biomassa na Amazônia causa dano ao DNA e morte de célula p

13/09/2017

Quando células do pulmão humano são expostas em laboratório a concentrações comparáveis de poluentes na atmosfera amazônica em época de queimadas, sofrem severos danos em seu DNA e param de se dividir. Após 72 horas de exposição, mais de 30% das células em cultura já estão mortas.

O responsável pelo estrago é o reteno, composto químico pertencente à classe dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). As conclusões são de um estudo publicado na revista Scientific Reports, por um grupo de pesquisadores brasileiros. “Não encontramos na literatura científica informações sobre a toxicidade do reteno. Espero que nossos achados sirvam como incentivo para que esse composto seja melhor estudado e para que suas concentrações ambientais passem a ser reguladas pelas organizações de saúde”, disse Nilmara de Oliveira Alves Brito, primeira autora do artigo e bolsista de pós-doutorado da Fapesp.

A pesquisa teve supervisão do professor Carlos Menck, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), e Silvia Regina Batistuzzo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “Ainda durante meu mestrado, na UFRN, observei que a exposição das células do pulmão a esse material particulado emitido pela queima de biomassa induzia mutação no DNA de células de pulmão. O objetivo neste estudo mais recente foi investigar os mecanismos pelos quais isso acontece”, disse Nilmara.

Os pesquisadores calcularam a capacidade de inalação de material particulado pelo pulmão humano no auge das queimadas e a concentração de poluentes que se deposita no órgão. “Nem todas as células morrem. Porém, as que sobrevivem continuam sofrendo danos em seu DNA, o que pode predispor ao desenvolvimento de câncer no futuro”, comentou a pesquisadora.