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Pesquisa da USP observa efeitos da depressão pós-parto no cérebro

19/09/2017

Imagens realizadas por ressonância magnética em pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) revelaram as alterações no cérebro causadas pela depressão pós-parto. O trabalho identificou mudanças na concentração de substâncias metabólicas relacionadas ao funcionamento de regiões cerebrais responsáveis pelo processamento e regulação dos estímulos afetivos, assim como na cognição, que acabam comprometidos em casos de depressão. O estudo foi realizado pelo médico Carlos Eduardo Rosa com envolvimento de especialistas e pesquisadores de psiquiatria, neurorradiologia, ginecologia e obstetrícia, pediatria, engenharia e física médica.

“A depressão pós-parto é um subtipo de transtorno depressivo maior, subdiagnosticada e altamente prevalente, acometendo cerca de 19% das mulheres. Ela acarreta um significativo sofrimento para a mulher, sua criança e toda a família”, explica o médico. De acordo com ele, em casos raros, quando uma depressão pós-parto severa não é detectada, e sobretudo se progride para uma psicose pós-parto, podem ocorrer abortamento induzido, suicídio e até mesmo homicídio do bebê pela mãe.

Ao contrário dos casos de transtorno depressivo maior, estudos de neuroimagem na depressão pós-parto são escassos, sobretudo os que utilizem o método da ressonância por espectroscopia de próton. “Esta técnica faz o estudo neuroquímico do tecido cerebral e fornece informações similares às de uma biópsia, sem ser invasiva”, aponta. “Os resultados obtidos permitem inferir o dano, a proliferação e renovação da membrana plasmática das células, metabolismo e o acoplamento entre neurônios e células gliais (outras células do sistema nervoso), além da neurotransmissão”.