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Pesquisa apresenta relação entre esquizofrenia e falha no processamento de RNA mensageiro

10/08/2017

Um estudo brasileiro apoiado pela FAPESP sugere que processamento do RNA mensageiro pode estar alterado em pacientes com esquizofrenia. Os autores da pesquisa explicam que o defeito no complexo proteico conhecido como spliceossoma poderia ser a gênese de boa parte das alterações cerebrais observadas nos portadores da doença.

“Uma alteração no sistema de processamento do RNA mensageiro poderia compreender a expressão de inúmeras proteínas – muitas delas com papel-chave em processos biológicos importantes, como o metabolismo de ácidos nucleicos, gerando um efeito cascata. Mas isso é algo que ainda precisa ser confirmado em estudos futuros”, esclarece Daniel Martins-de-Souza, coordenador da pesquisa e professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp).

O grupo de pesquisadores apresentou uma hipótese baseada na análise do tecido cerebral post mortem de 12 pacientes com esquizofrenia e de oito pessoas sem doença mental. O estudo focou em duas regiões cerebrais – o lobo temporal anterior e o corpo caloso –, que estudos anteriores mostram estar morfologicamente e funcionalmente alteradas em portadores da doença. “O lobo temporal anterior está envolvido no processamento auditivo e visual e, portanto, tem muita relação com sintomas como psicose e alucinação. Já o corpo caloso é a região do cérebro que mais contém células da glia (astrócitos, micróglias e oligodendrócitos)”, sustenta Daniel.

Nos anos 2000, estudos de imagens mostraram que o cérebro de esquizofrênicos têm quantidade reduzida de oligodendrócitos em comparação com pessoas sadias. O grupo de Daniel também já havia apontado que algumas proteínas produzidas pelos oligodendrócitos se apresentavam com a expressão alterada nesses pacientes.