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Estudo com antibiótico deixa controle do Parkinson mais próximo

07/03/2017

Por um engano, um pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão preto, mostrou que a doxiciclina, antibiótico muito conhecido, é capaz de proteger o cérebro do desenvolvimento das lesões do mal de Parkinson. Fruto do acaso, o episódio foi descrito pela professora Elaine Del Bel, do Departamento de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP, como um serendipity, termo criado pelo poeta britânico Horace Walpole no século 16 para descobertas feitas a partir de um aparente acidente.

Quando Marcio Lazzarini, ex-aluno de Elaine, estava em estágio de pós-doutorado no Max Planck Institute of Experimental Medicine na Alemanha, ele operou 40 camundongos para induzir Parkinson nestes animais. Ao final de 20 dias de procedimento, tempo normal para observar as lesões neurais, o pesquisador entrou em pânico ao perceber que nenhum dos camundongos estava doente.

O desespero inicial logo se tornou uma grata surpresa pela descoberta que tudo se devia ao ato falho na alimentação dos animais. Ao invés da ração normal, os bichos receberam durante o pós-operatório um alimento especial com adição do antibiótico doxiciclina. O artigo que explica porque a droga causa isso, escrito por cientistas mulheres de laboratórios de Ribeirão Preto e São Paulo, no Brasil e da Argentina e França foi publicado pela revista Scientific Reports.

A doxiciclina, conta Elaine, administrada em doses muito baixas modifica a estrutura da proteína α-sinucleína e impede que ela exerça seu papel tóxico nos neurônios dopaminérgicos do cérebro.